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2023.11.11 Michael Marcondes Campos

GLP: uma força transformadora no mercado de energia brasileiro - um vislumbre de 2024

 Perspectivas e Inovações para o Futuro do GLP no Brasil
 
Em janeiro de 2023, a Aggreko e a Copa Energia anunciaram uma parceria revolucionária no Brasil, marcando um momento de mudança significativa no cenário energético do país. Com aprovação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), ambas as empresas, em colaboração com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), estão conduzindo uma pesquisa pioneira para explorar o uso do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) como combustível em geradores de energia, um feito não permitido desde 1991. 

Para compreender totalmente a revogação das restrições históricas sobre o uso do GLP para geração de energia, é crucial examinar as razões por trás dessa mudança de cenário. Essa proibição remontava à Guerra do Golfo, quando uma situação de escassez em relação a diversos derivados de petróleo se instalou, gerando um alerta global. Nesse período crítico, o Brasil, como muitos outros países, implementou regulações estritas para limitar o uso do GLP, um recurso considerado essencial para a sobrevivência humana, exclusivamente ao uso doméstico. A prioridade era garantir o suprimento desse recurso vital à população.

No entanto, é importante destacar que a situação global mudou consideravelmente desde a Guerra do Golfo. Hoje, o Brasil e o mundo desfrutam de um cenário de abastecimento de GLP muito mais estável e previsível. A diversificação das fontes de energia e o acesso a novas tecnologias tornaram possível repensar o uso do GLP de maneira mais ampla, aproveitando sua eficiência e aplicações versáteis para atender às crescentes demandas energéticas do século 21. Essa mudança de cenário está sendo conduzida por um entendimento mais amplo do potencial do GLP como um recurso energético valioso, capaz de atender não apenas às necessidades domésticas, mas também à demanda por geração de energia, especialmente em locais isolados onde o acesso à eletricidade é escasso.

Logo, o objetivo principal da pesquisa é comprovar os benefícios econômicos, técnicos e sustentáveis associados ao uso do GLP como fonte de energia. O GLP, também conhecido como "gás de cozinha", tem o potencial de substituir outros combustíveis mais poluentes como o diesel, de maneira mais econômica e ambientalmente amigável, transformando o mercado de energia no Brasil.

Além disso, os geradores de energia movidos a GLP podem atender a áreas remotas que sofrem com a falta de eletricidade, proporcionando um acesso confiável à energia em locais isolados, o que apoia o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida das comunidades locais.
Um exemplo inspirador desse potencial é o projeto em St. Croix, uma das Ilhas Virgens dos Estados Unidos, onde a Aggreko projetou e instalou uma solução de energia de 20 MW, alimentada por GLP, valor suficiente para abastecer continuamente a eletricidade de aproximadamente 15 mil residências, ou o equivalente a iluminar mais de 1 milhão de lâmpadas comuns de 60 watts. Isso representa uma etapa crucial para garantir a estabilidade econômica e energética da ilha, proporcionando segurança e oportunidades de crescimento sustentável em um contexto onde a energia confiável desempenha um papel vital em sua economia e na qualidade de vida de seus habitantes.

Quanto a exemplos de países que utilizam o gás com abundância para geração de energia, um exemplo notável é a Rússia, que compartilha algumas semelhanças com o Brasil em termos de tamanho, diversidade geográfica e necessidades de fornecimento de energia. Na Rússia, o GLP desempenha um papel essencial na matriz energética do país, tanto para uso doméstico quanto para geração de energia. O país é vasto, com áreas remotas que enfrentam desafios de acesso à eletricidade. Nesses locais, o GLP é frequentemente utilizado como uma fonte de energia acessível e confiável, alimentando geradores para atender a essas comunidades remotas.
Essa experiência russa ilustra como a adoção do GLP como fonte de energia pode ser particularmente benéfica para um país de grande extensão geográfica, como o Brasil. Essa mudança pode contribuir para a universalização do acesso à eletricidade, especialmente em áreas isoladas que ainda carecem de infraestrutura elétrica adequada. 

Além do uso do GLP, várias outras tendências promissoras estão moldando o mercado de energia brasileiro em 2024:

  • Mercado Livre: com a abertura do mercado livre de energia a todos os consumidores de alta tensão a partir de 2024, espera-se que aproximadamente 106 mil novas unidades consumidoras estejam aptas a migrar para o Ambiente de Contratação Livre (ACL). Essa expansão oferecerá benefícios significativos para consumidores, geradores e comercializadores de energia. A Aggreko está ingressando nesse mercado por meio da Geração Distribuída no Brasil. 
  • Hibridização de sistemas isolados: A hibridização surge como uma solução promissora para sistemas isolados de produção de energia no Brasil. Com avanços em sistemas de armazenamento e controle, é possível operar várias fontes de energia em uma única usina, maximizando eficiência e confiabilidade.
  • Crescimento de energia renovável: A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) previu um crescimento significativo em 2023, com uma expansão de 10,3 GW de capacidade instalada, principalmente por meio de usinas solares e eólicas. A Aggreko está embarcando em projetos de geração de energia 100% renovável no Ceará e Rio de Janeiro, contribuindo para benefícios ambientais e econômicos em nível local.

No entanto, é importante reconhecer que a transição energética no Brasil não está isenta de desafios. Setores industriais específicos, como a mineração, podem enfrentar obstáculos na adoção de fontes renováveis devido aos custos envolvidos. Nesse sentido, a Aggreko pode desempenhar um papel estratégico, investindo no regime de Produção Independente de Energia Elétrica (PIE) e apoiando o desenvolvimento de usinas eólicas e outras fontes de energia renovável. Essa iniciativa pode impulsionar investimentos, aumentar a distribuição de energias limpas e, consequentemente, reduzir os custos de eletricidade no país.

Em 2024, o Brasil se encontra diante de uma série de oportunidades e desafios no setor energético. A pesquisa para explorar o potencial do GLP como fonte de energia é apenas um exemplo das inovações que podem moldar o futuro energético do país. A transição para fontes mais limpas e eficientes está em pleno vapor, e é nosso dever continuar a liderar esse movimento.

Por: Michael Marcondes Campos, Gerente de Desenvolvimento de Negócios de Utilities da Aggreko