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2021.09.20 Letícia Fucuchima

A Aggreko planeja investir em biomassa

Companhia escocesa diz dispor de R$ 240 milhões para projetos de geração a partir de biogás no Brasil

Mais conhecida como prestadora de serviços de energia modular móvel, a companhia escocesa Aggreko decidiu ampliar sua atuação no mercado brasileiro e se tornar investidora no segmento de biogás para geração de energia elétrica.

Acesse o link da matéria original publicada pelo jornal Valor Econômico

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A empresa está lançando ao mercado uma chamada para atrair projetos capazes de transformar biomassa de diferentes origens (aterros sanitários, agronegócio e indústria alimentícia, por exemplo) em biogás para geração de energia. Para a nova empreitada, reservou R$ 240 milhões - a execução de todo esse montante vai depender do resultado da chamada.

Segundo o diretor de vendas da Aggreko no Brasil, Hugo Dominguez, a iniciativa se encaixa num plano de diversificação do modelo de negócio: a companhia já oferece soluções de geração para o mercado de biogás e, agora, também quer realizar a venda da energia.

“Hoje temos parceiros que fazem a compensação da energia para o cliente. Queremos dar um passo além, flexibilizar ainda mais nossa atuação e entrar diretamente na comercialização [da energia] no mercado livre ou realizar nós mesmos a compensação ao cliente”, afirma o executivo.

A Agrekko tem 25 megawatts (MW) em usinas de biogás na modalidade de “geração distribuída”, isto é, empreendimentos de até 5 MW de potência que são construídos no próprio local de consumo da energia ou próximo a ele. Nesses casos, a companhia forneceu soluções “turn key”, que abrigam desde a modelagem até a operação e manutenção dos equipamentos.

Para os próximos projetos, a ideia é continuar trabalhando com empreendimentos de geração distribuída, modelo considerado compatível com o objetivo da empresa de incentivar a descentralização e a descarbonização da geração de energia.

No processo seletivo de novos projetos, o foco da Aggreko são empresas que forneçam resíduos, substratos e efluentes suficientes para gerar acima de 1 MW de energia. Pode ser, por exemplo, uma propriedade que tenha uma criação de pelo menos 100 mil suínos, ou um aterro sanitário que receba 200 toneladas de resíduos sólidos por dia.

Se concretizado, o plano de investir R$ 240 milhões em projetos no país deve resultar na geração de 163 mil megawatts/hora (MWh) por ano, o equivalente ao consumo anual de 81 mil residências. A previsão é ter a produção entre o fim de 2022 e o início de 2023.

A iniciativa da Aggreko vem num momento do expansão do mercado nacional de biogás. No ano passado, o país registrou aumento de 22% no número de plantas, atingindo 675 unidades, segundo o CIBiogás. Já o volume de biogás produzido para fins energéticos cresceu 23%.

Apesar do potencial de crescimento, principalmente com resíduos do agronegócio, a participação do biogás na matriz energética brasileira ainda é relativamente baixa. Dados da associação Abiogás mostram que a produção nacional total alcança hoje 1,5 bilhão de metros cúbicos ao ano, representando 0,9% de participação na matriz.

Para Dominguez, uma das principais vantagens da geração a biogás é o fato de ela não ser intermitente como outras renováveis - ou seja, as usinas podem ser despachadas, assim como hidrelétricas e térmicas movidas a combustíveis fósseis.

“Continuamos vendo muita oportunidade no biogás gerado a partir de resíduos sólidos urbanos, mas o grande mercado em expansão é o de resíduos do agronegócio e da indústria alimentícia, é onde queremos focar os esforços e promover mais projetos”, acrescenta.

Fundada em 1962 e com sede na Escócia, a Aggreko opera em mais de 100 países e está listada na Bolsa de Londres. A companhia é fornecedora de equipamentos de geração de energia portáteis para diversas aplicações. Por exemplo, em projetos industriais e comerciais, eventos, serviços públicos e até 0de ajuda humanitária.

No Brasil, atende grandes empresas nos setores de gás e petróleo, mineração e também concessionárias de energia, tanto nos sistemas isolados quanto no Sistema Interligado Nacional (SIN).

  • Entrevista por: Letícia Fucuchima
  • Publicado em: São Paulo

 

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