2021.02.08
Aggreko mira setor de bioenergia e eficiência energética em 2021
Geradora vai importar baterias para reduzir consumo das térmicas no Brasil, além de focar na integração com a fonte solar e projetos a biodiesel ou gás de aterro sanitários
HENRIQUE FAERMAN, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DO RIO DE JANEIRO
Com 58 anos de atuação no mercado de geração e contando atualmente com 10 GW de capacidade instalada em 190 países entre ativos próprios e em parceria com setores como utilities, mineração, óleo e gás e eventos, a escocesa Aggreko tem buscado utilizar sua experiência global com soluções, fornecedores e perfis de clientes para buscar novos negócios estratégicos pensando num futuro cada vez mais descarbonizado e eficiente.
No Brasil, a companhia opera atualmente com 500 MW, sendo 140 MW instalados como produtor independente de energia elétrica e cerca de 300 MW feito em parcerias no mercado de sistemas isolados, com usinas térmicas a gás ou movidas a biomassa, em contratação direta ou outra modelagem de negócio.
A empresa também saiu vencedora no leilão de 2016 para geração de energia em sistemas isolados, participando com um total de 137,7 MW em geradores para 26 localidades no Amazonas, transportados por 20.000 quilômetros via rede fluvial. As unidades funcionarão 24 horas por dia pelos próximos 15 anos, levando a energia necessária para várias áreas residenciais em áreas remotas.
Em entrevista à Agência CanalEnergia, o diretor de Vendas da Aggreko no Brasil, Hugo Dominguez, afirmou que a companhia tem trabalhado para trazer baterias visando reduzir consumos das termoelétricas, além da integração com fontes solares e projetos funcionando a 100% biodiesel ou gás de aterro sanitários, como num recente contrato firmado com a EVA Energia.
“Prospectamos negócios com a mesma ênfase em vários setores, mas o número de oportunidades estão crescendo muito no segmento de bioenergia e nas concessionárias querendo oferecer serviços de eficiência energética ao cliente final, além do setor de óleo e gás, com a crescente desverticalização da Petrobras no onshore”, avalia o executivo.
Segundo ele a expectativa de crescimento para a bioenergia está entre 15% a 20% quando comparado ao ano passado, quando a empresa teve uma retração em vários setores, mas não nesse, com alguns casos sendo alavancados pela geração distribuída e outros pela disponibilidade do biometano e biogás para implementação dos projetos.
Nesse nicho específico, a empresa fornece soluções de energia turn key (empreitada global) para os segmentos agroindustrial, sucroalcooleiro e saneamento, com grupos geradores eficientes que eliminam a necessidade de desembolso de capital (Capex).
“Mobilizamos, instalamos e operamos projetos dessa natureza em questão de semanas, com base em seus requisitos específicos, proporcionando ganhos financeiros aos clientes e parceiros, além de gerar benefícios sociais e ambientais”, destaca o diretor, afirmando que a empresa trabalha desde 2017 com a eficiência energética, tendo evoluído bastante na implementação tanto de projetos térmicos como híbridos.
Entre os benefícios para o consumidor em optar pela locação de equipamentos está o fato de poder contar com novas tecnologias sem realizar grande mobilização de capital. Um exemplo é a solução de geradores a gás capazes de usar gás de aterro como combustível, incluindo operação e manutenções preventivas e corretivas.
No mais recente contrato firmado, a companhia vai fornecer energia a partir de biogás dos aterros sanitários de Seropédica (RJ) e Mauá (SP), prevendo a entrega de 10 MW além de manutenções preventivas e corretivas.
O aterro de Seropédica é o maior da América Latina, com capacidade para receber até 10 mil toneladas de resíduos por dia. Essas localidades têm potencial para produzir 73 milhões de metros cúbicos de gás natural renovável (GNR) por ano funcionando em plena operação.
Recentemente o grupo se aliou a grandes empresas visando compromissos efetivos quanto a redução de carbono, lançando no mercado o comunicado de que até 2030 pretendem reduzir o uso do diesel em pelo menos 50% em suas soluções para os clientes e dos próprios geradores através de avanços tecnológicos.
“Estamos avaliando várias tecnologias presentes no mercado, a primeira é a substituição do diesel pelo gás natural e o biometano no setor de bioenergia e outras matrizes, como biocombustíveis, cuja disponibilidade é maior no Brasil, fazendo testes com biodiesel em nossas máquinas”, salienta.
Hugo também lembra que na iniciativa do Amazonas, os conjuntos que estão sendo implementados apresentarão uma redução de 8% no consumo de diesel em relação aos conjuntos padrão devido a sua eficiência, reduzindo também as emissões de poluentes.
Sobre o ano que passou, o executivo relata que a companhia obteve bons resultados financeiros, especialmente na América Latina, atingindo todas as metas ainda que a pandemia tenha trazido diversos obstáculos no prazo de recebimentos e entregas.
“Do ponto de vista de eventos houve uma queda na demanda de vários setores, mas os principais ramos de atuação continuaram com a demanda por energia, então nesse sentido não tivemos uma queda tão forte no Brasil”, comenta Hugo Dominguez, celebrando os “muitos” contratos renovados para 2021.